domingo, 24 de fevereiro de 2013

O plano estadual para a leitura e o livro


Você sabia que a Secult-BA e a Sec-BA estão elaborando um Plano Estadual do Livro e da Leitura? Os responsáveis pela empreitada, e que encabeçam a Comissão Executiva e a Presidência, são as duas sumidades que se seguem, ambas funcionárias da Secult-BA e mulheres de confiança do Sr. Albino Rubim.

A diretora da Biblioteca Monteiro Lobato, Rosane Rubim, que jamais leu um livro sequer, é amiga de infância de qualquer pessoa famosa, com algum poder em mãos, e, como se isso fosse pouco, é irmã do Secretário de Cultura, Albino Rubim, que a protege em todos os recreios, embora em público só a trate por Rosane, com receio de pronunciar o próprio nome e ser tomado também por uma alimária.

Laura Bezerra, que passa as reuniões a declinar um mantra, sempre que é convocada a opinar: "Acho que devemos ter muito cuidado com certas afirmações". Desconfia-se de que ela seja um robô e esteja com algum curto circuito irreparável. É a Bahia na vanguarda da tecnologia!

Esta ilustre dupla tem o aval do secretário, que, além de fazer da Secult-BA um laboratório de suas teorias de sala de aula e empossar, sob o incentivo de altos salários, seus ex-alunos e compadrio do meio acadêmico, tem a pretensão de, sem ouvir nem consultar os componentes da Rede Produtiva do Livro, criar um Plano Estadual do Livro e da Leitura. Só se for para boi dormir!

Este secretário está mais interessado em eleitores do que em leitores, e por isso, com sua indiferença e seu desdém para com o livro, a leitura e a literatura na Bahia, promove a falência do setor, empurrando os escritores para os seus editais burocráticos, cujos recursos ou não são liberados ou o são somente para alguns, mais iguais que outros. Como bem disse Tostão, certa vez, se referindo ao técnico Luxemburgo, o Sr. Albino Rubim é do tipo que costuma, no Natal, dar e receber panetones. Deveria abrir uma padaria, mas que, obviamente, não seria nada espiritual.

E neste começo de ano, pós-morte do prof. Ubiratan Castro de Araújo, o secretário parece, mais do que nunca, desejoso de ajustar para baixo a imagem da Fundação Pedro Calmon, que, com as ações desenvolvidas nos últimos anos, ofuscou a Secult-BA e, claro, a figura do próprio secretário, mosca tonta para a benesse de sua trupe.

É lamentável que o insigne governador Jacques Wagner, em quem a massa de eleitores da Bahia depositou todas as esperanças de reformulação social, educacional e cultural, ainda se deixe enganar por estes“colaboradores” da cultura baiana. Nós escritores estamos vivos, governador! A Bahia não pode ser só carnaval e aparência. Nosso estado, como os demais do Brasil, produz literatura, ideias e pensamentos profundos, que, no entanto, se não são publicados, morrem por aqui. Ou será que todos pretendemos continuar a alcunha risível de que esta é a Bahia de Jorge Amado, como arrota, sempre que pode, a amiga de todo mundo, a Sra. Rosane Rubim?

Mayrant Gallo, escritor e professor de Teoria da Literatura. Publicou, entre os outros livros, O inédito de Kafka(CosacNaify, 2003).

 

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