quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um poema

"No final das contas, o que importa para o poeta a não publicação de seu livro, a não divulgação de seu livro, quando o que ele mais queria conseguiu realizar? A palavra desceu de sua altura, subiu do seu abismo e o encontrou. Ainda que críticos e leitores não sintam o mesmo na leitura do poema, e ainda que sua poesia não seja lá essas coisas, o poeta - aquele que escreve poemas - se sente sempre um Grande, um Aliviado, um Escolhido: não dos homens, mas dos anjos, de Deus, tão inefável é o êxtase que experencia."
(Ângela Vilma)



Poema

Fabricar gritos da alma
Recolher vozes da lama

Olhar avaro o beco
Rasurar as formas do verbo

Explorar mapas ancestrais
Transir a cidade fulgás

Recolher do século as cinzas
Lavrar os segredos do mito

Pintar as rotas do céu
Fundir a rosa e o sexo

Tudo isso no autorretrato rabiscado
Num dia triste de chuva.

Obrigado, Poeta, por traduzir, com palavras exatas, uma experiência que não sentia a meses, que me veio com essa coisa acima que chamo poema.  

3 comentários:

  1. Obrigada amor por vc ainda cismar, e dar a nossa existência uma coisa que só as almas como a sua sabem nominar

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  2. Fico feliz, Paulo André, em estar presente nessa bela página de sua poesia!Parabéns pela riquíssima 'exploração' desses "mapas ancestrais"!
    Grande abraço.

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  3. Grande brinde caro Paulo, voz e verbo em sintonia!!!

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