Um amigo escritor sempre me disse que nada acontece por acaso. Duvidava da frase. Eu rezava no credo sartreano: "O homem é suas escolhas". Um utro amigo poeta, tempos atrás, deu-me o livro de William Burrougs, O gato por dentro, em que que o escritor americano, num tom de ironia amarga, contava sua vivência com gatos. Li deliciosamente esse livro que me permitia entra na alma felina e na alma humana, afinal os gatos sempre estiveram presente na minha vida . Chegavam não sei de onde e se instalavam.
Foi o caso de Gatinha. Chegou e tomou posse da casa. Deu-me umas três ou quatro ninhadas de gatos, que iam se acumulando ou substituindo os desistentes, os que sumiam sem deixar vestígios.
Ao despejar a par de terra sobre o buraco improvisado para mãe e filho, recordei a dedicatória do amigo poeta: "ao amigo, que agora sei que sentia algumas dores inexplicáveis. Ele tinha o gato por dentro". Sim, "somos gatos por dentro". Os gatos que não podem andar sozinhos, e para nós há apenas um lugar". Nada acontece por acaso.
Foi o caso de Gatinha. Chegou e tomou posse da casa. Deu-me umas três ou quatro ninhadas de gatos, que iam se acumulando ou substituindo os desistentes, os que sumiam sem deixar vestígios.
Gatinha cuidava de sua última ninhada. Numa manhã, ela e um dos filhotes amanheceram mortos. Comeram restos de veneno para ratos no quintal dos vizinhos. Encontrei estática no fundo do quintal, o filhote ainda agonizou alguns instantes.
Minha filha, ao meu lado, assistia a tudo sem muito espanto. Era sua primeira morte.Ao despejar a par de terra sobre o buraco improvisado para mãe e filho, recordei a dedicatória do amigo poeta: "ao amigo, que agora sei que sentia algumas dores inexplicáveis. Ele tinha o gato por dentro". Sim, "somos gatos por dentro". Os gatos que não podem andar sozinhos, e para nós há apenas um lugar". Nada acontece por acaso.
Nunca gostei muito de gatos, sempre preferi cães, mas surgiram dois na minha vida (de minha sobrinha) que me conquistaram. Recentemente, ganhei o livro de poesias de Lúcia Santóri-Carneiro. Toda vez que vejo um gato agora lembro dela, por causa das poesias GATO, AZUL e VERDE. Agora fiquei curiosa em ler o livro de Burrougs. Muito bom teu post, Paulo. Adorei o final: "Os gatos que não podem andar sozinhos, e para nós há apenas um lugar." Só me resta saber qual é esse meu lugar. Um abraço!
ResponderExcluirA gente não vive, perdura. Dias, minutos, cada gota de sobrevida permite-nos entrever um lugar cada vez mais difuso, borrado pelo tempo. Daí o olho azul do gato, "mar que anda pela casa"(Lúcia Santori-Carneiro). Aquele abraço. T
ResponderExcluirP.S: E sim, tenho (e celebro) o livro de Burroughs.
Gostei, Paulo. Também gostei do seu blogue. Voltarei outras vezes.
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