terça-feira, 14 de julho de 2009

Insonia

A noite será longa e cheia de fantasmas, pressinto ao ver na tela o som e a fúria de uma história contada por um louco. Além disso, essa taquicardia. Não, literatura não é remédio, é ácido. Como Bandeira, gostaria de ter lavrado o campo; a mesa posta. Não dá. Ando cheio de quadros antigos na parede, roídos por traças, nas horas intermináveis. As páginas de um livro avisam-me sobre a indesejada das gentes, mas não tenho punhos fortes, resta-me o medo e olhos e ouvidos atentos ao silêncio áspero da noite. As britadeiras de vidro. Ser ou não-ser?, porque essa questão agora, quando todos dormem? Quando só resta a mim, testemunha e vítima? Por que não parar e contemplar a noite que passa? Porque agonizo, só isso. Agonizo e é noite. Tenho vários poemas sobre a noite escritos durante o dia, agora que é noite não acho o ritmo da noite. Só sua aspereza que não me deixa pregar o olhos. Se, ao menos, pudesse trepar. Quantas noites gastas em suor e esperma? Só vazio é o que resta. Essa coisa de não pregar os olhos, enquanto a noite se abre em volúpia e morte.

6 comentários:

  1. A noite é isso, um sem fim de sons faustos e de fantasmas velhos conehcidos na ácida viagem da literatura!!!!

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  2. Isso, meu caro, som e fúria traduzidos na auspiciosa noite agonizante. Aquele abraço.

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  3. Caro Paulão...
    Achei massa, a escrita, homi...

    umas inferências e intertextos legais...

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  4. Paulo, meu caro amigo, gostei muito do teu texto. Já apreciava teus poemas, mas fiquei feliz em conhecer tua prosa. Voltarei sempre aqui. Vou linkar teu blog ao meu.

    P.S: E essa taquicardia? Se cuida!!

    Um abraço!

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  5. Evacuar é um dever ou um prazer? seja eletronicamente, verbalmente Evacuar é um fazer ou um dever? Talvez só vc saiba dizer.

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