Qual a relação entre o São João do Picado e o o filme Mera
coincidência?
Explico. Começo pelo filme.
O filme dirigido por Barry Levinson e estrelado por Dustin Hoffman e
Robert de Niro conta a seguinte história: O presidente e canditado à
reeleição envolve-se em um escândalo sexual, há 11 dias da
eleição. Para solucionar o caso e impedir a derrota nas eleições,
o presidente incumbe sua acessora de imprensa de resolver o problema.
A solução encontrada por ela e pelo publicitário Conrad Brean –
interpretado por De Niro – foi criar uma guerra fictícia contra a
Albânia. Para construir o espetáculo da guerra, eles contratam o
produtor de Hollywood Stanlay Moss (Hoffman) para produzir um verdade
irrfutável aos moldes cinematógráficos. Esse é norte básico da
excelente e irônica comédia.
A mídia cobre ou faz o fato?
Ao chegar do trabalho, noto todo um cenário junino montado no
Picado. O que vai acontecer? A TV Bahia está cobrindo as festas
juninas e veio “cobrir” a festa tradicional que está para
acontecer com suas quadrilhas, músicas e barracas. Uma festa montada
exclusivamente para repórteres e técnicos da TV. Ou como diria os
Hengenheiros do Hawaii, “macumba para turista” e para turista
baiano mesmo.
Hoje, 21 de maio, seria mais um dia qualquer no Picado. Novela para
alguns, crianças na praças e alguns homens esquecendo de si,
religiosamente, no jogo de dominó. A única coisa que maio traz
diferente de outros meses são as novenas marianas, marcadas
sobretudo pelas ladainhas a Virgem Santa. Depois da igreja, homens e
mulheres voltariam à rotina banal. E a praça estaria entregue aos
insetos e as estrelas, como acontece desde os inícios dos tempos.
Restano-nos, como os personagens de Drummond no poema “Segredo”,
passar o óleo e esquecer. No caso, ouvi o bom pé-de-serra e
esquecer. Pois, é a mesma história há 500 anos. Alguns poucos
ganham, a imensa maioria perde.
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