Não sei ser poeta
Não sei
ser poeta.
Às vezes,
um menino travesso
atravessa
minha fala no verso.
Às vezes,
lembro das feras
escondidas
nas frestas do ego
ou nos cantos da casa velha.
Às vezes,
os mortos das fotografias
de riso
irônico e sacana
discursam
sobra a eternidade vazia.
Às vezes,
a menina no quintal
desentranha
das palavras, das coisas, dos bichos
a origem
perdida.
Às vezes,
é só o susto.